sábado, 10 de dezembro de 2011

O Ônibus

Tenho certeza de que gosto de ti
E entenda-se por gostar tudo mais
O caminho, o túnel, a entrada e a saída
É uma certeza pré-científica, muito pouco espiritual
É uma certeza do tipo absoluta
Sem que seja necessária uma medida ou prova real.

Sinto ainda o gosto de ti
Todos os doces e amargos marrons
Que me fez e ainda me fará passar
A beleza que persiste na chuva
O à força que é quase permitido
E o estupro que é quase desejado.

Deixarei o amor, gritarei o sim
O seu enganar, o seu cegar
Deixarei por acaso
O acaso e o destino se casarem
E viverem numa casa de sonhos e cristais
De arte, de marte, de loucura e nada mais.

E permitirei o que mal é permitido
Saberei que sem graça que sou
Muitas graças conquistarei
Direi o desnecessário, o chato
Pois justo que necessário
Senhor Narciso, príncipe e rei.

Saberei que minhas mil palavras
Meus mil dramas e emoções
Minhas tão importantes explicações
Não serão jamais por ti entendidas
E como castigo,
Serão ditas por não ditas.

O ônibus prosseguirá andante
O caminho permanecerá estático
Descemos e subimos
Imos e voltamos
Quando quisermos e pudermos
Pois te gosto, te beijo e te quero.

E ao resto do mundo,
Se ainda me for permitido
Um chute teórico displicente:
Para o meu lado poeta
Amar é operante,
E o amor é respondente.

E.C.

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